terça-feira, 4 de outubro de 2011

Não resistiram, tiraram o Soul empoeirado do armário

Tenho uma amiga que faz parte do establishment, isto é, é fotógrafa, bem relacionada, tinha tudo pra ser socialite, mas não é, e o melhor, antes de ser tudo isso, é minha amiga desde o colégio. Ela sempre teve um espírito conceitual bastante avançado, enquanto ninguém ouvia tal música, ela já tinha 3 álbuns do estilo que ainda viraria moda em seu iPod e me ensinou a ser assim, isso diversifica seu som, sua idéia de tribo e pode te ajudar até a se livrar de uma idéia social: Sempre seguir a sua moda, nunca a moda... da moda. 


Na época da vinda para shows Rio de Janeiro de Amy Winehouse, fiquei sabendo de antemão, por interlocutores conhecidos que foram ao show, que o mesmo havia sido fraco, desestimulante e até um pouco revoltante, já que o preço pago para assistir à uma Amy frágil, fraca e atípica não teria sido justo.

Bom, por esse mesmos interlocutores, fiquei sabendo que a alma de todo mundo fora lavada por uma mocinha desconhecida aqui no Brasil, Janelle Monaé, cantora, compositora e bailarina, que abriu o show da inglesa infelizmente falecida.

Não perdi meu tempo, com um trecho invariavelmente dançante de “Tightrope”, seu principal single, decidi baixar todas as faixas que achei e não corri o risco de me arrepender.

A moçinha de um metro e meio, tem garganta de gente grande e como toda cantora negra e norte-americana, que representa toda a força vocal do Blues, do Soul, do R&B e do Jazz e que nasce sempre em alguma comunidade Gospel de Nova Orleans no estado da Louisiana ou nos bairros-guetos de Nova York, como harlem, Bronx e Brooklyn, a moça é tão performática, que outro dia ligado num desses canais norte americanos de música que importamos mal e porcamente para nossa TV aberta, vi meu pai, que é levemente brincalhão, pegar um de nossos gatinhos e dançar pela casa, sem nem saber quem cantava, ou o que falava a letra de “Many Moons”, outro sucesso da moça.

Fiquei sabendo que ela abriu um show no Rock in Rio e refleti se filosoficamente, não era mágico o ato de tocar um ser que ignora sua existência, mas se comove com sua arte, mas percebi que o debate era bem menor que esse, Janelle Monaé que está sempre com seu terninho, muito bem engomada e ornamentada é provida de algo que todo cantor negro e norte-americano que se preze é: Dom. 



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